triz, de 18 anos, namora o ator e diretor Michel Melamed, de 37 e diz: "Idade não existe"
TV Globo / João Miguel Júnior

Bruna Linzmeyer
Sem querer, aconteceu e aos 17 anos, tudo mudou na vida da bela menina de olhos azuis. O curso de teatro, onde sonhava em montar uma peça com os amigos, ficou para trás. A mudança para o México, onde iria estudar e trabalhar, também foi cancelada. Em uma semana, a catarinense Bruna Linzmeyer foi convidada, testada e aprovada para participar da minissérie Afinal, o que querem as mulheres? , exibida pela Rede Globo em 2010. Mal tinha começado a gravar, um novo convite: desta vez, uma personagem na cobiçada novela das nove,Insensato Coração. Aprovada novamente, estreou como a intensa Leila. Desde então, protagonizou cenas polêmicas, como a da perda da virgindade, a descrição de um orgasmo e a mudança de visual. Cortou o cabelo, foi chamada de "tudo" de feia a civilizada. Ao seu lado, mais uma conquista: o ator e diretor Michel Melamed, 19 anos mais velho. Aos 18 anos, ela tem pelo menos uma certeza: "idade não existe".
Contigo! Online: Você entrou na televisão de um jeito diferente da maior parte dos adolescentes. Já pensou sobre isso?
Bruna Linzmeyer: Eu acredito muito que algumas coisas nos pertencem e mesmo que a gente fuja delas. E acho que foi assim. Estava indo morar em outro país quando recebi o convite para fazer o teste de Afinal, o que querem as mulheres. Passei uma semana depois, e antes mesmo de começar a gravar a sério, recebi outro convite para fazer a novela, e no meio do caminho fiquei sabendo que passei no teste também. Eu fui sendo testada, sendo aprovada, e eu fui aceitando essa coisa linda que veio para mim. Eu estudava teatro, mas não necessariamente pensava em trabalhar como atriz. Aconteceu de uma forma muito tranquila, muito natural.
Contigo! Online: A televisão é uma máquina de fazer sonhos, mas também é de fazer egos e decepções. Você está preparada para isso?
BL: A filosofia diz que o mundo é um eterno movimento e a única coisa que não muda é a mudança. Se você estiver na melhor fase da sua vida, sabe que uma hora ela vai acabar. Quando estiver na pior fase, também vai acabar. Freud diz uma coisa maravilhosa, que é mais ou menos assim: a gente é capaz de vencer uma guerra com armas, mas somos indefesos a um elogio. Um elogio pode nos paralisar realmente. É diferente você ouvir: "Você é linda", ou "você é uma cachorra".
Você já morou em três cidades. A pequena Corupá, a enorme São Paulo e agora o Rio de Janeiro. O que cada lugar te ensinou?
BL: Corupá é minha paixão, meu bibelô. As lembranças de lá são as mais tenras, as mais íntimas. Corupá me ensinou o amor. De pai e mãe, de família, de tudo isso. Se eu continuar falando vou até chorar... São Paulo é uma cidade mais tensa e densa que o Rio. Eu acho que São Paulo me ensinou um bom ritmo, de nunca parar. Ritmo e força. Já o Rio me trouxe a calma. Saber que você tem que ter um movimento, mas que tudo isso pode ser feito com o amor que aprendi em Corupá.
Contigo! Online: Corupá é um lugar para onde você corre quando quer colo?BL: Toda minha família mora lá. Voltar é dizer que, indiferente de quem eu seja, se eu estiver no topo ou em baixa, que o que deixa minha vida de pé são essas pessoas que moram neste lugar, que vão sempre me acolher e sempre me amar. Eu sei que ali eu tenho amor.
Contigo! Online: Vamos falar um pouco da sua personagem. Ela é uma pessoa mais do que intensa, ela tem ideias fixas... Como você chama o que move a Leila?
BL: Eu acho que intensidade é uma boa palavra. Foi ao ar uma cena em que ela ficou com o Beto, amigo do André. Fiquei pensando sobre essas questões. "Eu só quero sexo", é isso que ela quer dizer. Fiquei dias pensando em tudo isso: e se a Leila fosse homem? Alguém ia falar alguma coisa? Eu acho que essa é a grande questão: na verdade, esse moralismo existe, mas não tem que existir. No decorrer da história ela vai mostrar que ela quer ter prazer. Ela é o feminino do André.
São questões que têm que ser colocadas na mesa, como foi a história da virgindade. Como perder, quando, com quem. Não existe certo e errado.
Contigo! Online: Mas algumas cenas continuariam sendo um tabu. Você não vê um menino adolescente descrevendo em uma novela como foi o orgasmo dele...
BL: Acho que foi uma cena muito bonita, gostei do texto bem escrito. Ela falava que queria explodir no céu, e além de explodir no céu, como se fossem fogos, ela explodiu o próprio céu. Então isso é muito poético. Não é comum em novela essa poesia jogada na cara, sorrindo para as pessoas. A maneira como a Leila traz o orgasmo é muito importante. Porque o orgasmo é um prazer, como é um prazer comer.
Contigo! Online: Você fala de sexo de uma forma muito fácil, sem constrangimentos...
BL: Eu sempre falei muito sobre isso, sempre conversei com meus pais. Veio deles e veio de mim falar. Sempre fui uma pessoa muito franca com quem eu tenho intimidade. E acho que esse personagem me traz uma certa intimidade com as pessoas. Querendo ou não, eu tenho que pedir licença, porque eu estou na televisão das pessoas todos os dias.
Contigo! Online: Você está diante de uma personagem que tem vários desafios. Não é muita coisa para uma jovem atriz?
BL: Vou te contar que é difícil, porque me preocupo com o que vou dizer. Porque as pessoas vão acreditar, ou ao menos vão pensar nisso. Penso: "Por que a Leila está fazendo isso? Eu concordo com ela? O que o resto da sociedade pensa? O que minha mãe pensa?". É difícil você estar dentro do núcleo polêmico da novela. Com o Lázaro também acontece tudo isso.
Contigo! Online: Vocês conversam bastante sobre as cenas?
Muito. A gente discute para que caminho vai levar, para que as pessoas possam olhar por outros ângulos, não necessariamente aceitar. Mas ver. Parar para pensar.
Contigo! Online: Você disse que ela é a versão feminina do André. Isso quer dizer que eles podem ser almas gêmeas?
BL: Não sei, eu acho que são dois ângulos diferentes. Alma gêmea já é uma questão espiritual, e a deles é uma questão física. Mas pode ser. Se o Gilberto for falar de espiritualidade...
Contigo! Online: Alguns dos comentários sobre a mudança no seu visual, feita pelo hairstylist Neandro, é que ele teria ficado "civilizado". O que você tem ouvido à respeito?
BL: Tudo! Eu ouço barbaridades e ouço poesias. Têm pessoas que acham horrível, que não gostam, e dizem: "Você ficou feia, você ficou esquisita, horrorosa". E os que dizem que fiquei mais madura. As pessoas mais contemporâneas acham que ficou mais "cool". Eu pesquisei muito sobre Londres e o Neandro também é de lá, então conversava muito com ele. O que é estranho e esquisito em Londres é as pessoas terem cabelo comprido. Ninguém tem. São culturas diferentes, mas já vi muitas pessoas dizendo que querem cortar o cabelo igual, perguntando com quem cortei. É moderno e muito contemporâneo o cabelo curto.
Contigo! Online: Você se considera moderna, como a Leila, ou é um desafio do personagem?
BL: Eu acho que essa coisa contemporânea da Leila de estar em eterno movimento, eu tenho um pouco. Saí de casa recém-completados 16 anos, fui morar em São Paulo que nem uma louca. Mas estou aqui, morando sozinha, estou batalhando, fazendo milhões de coisas, milhões de cursos. Essa determinação que a Leila tem eu também tenho. Se eu decido que quero alguma coisa, não há quem tire da minha cabeça que vou conseguir.
Contigo! Online: Mas você também tem ideias fixas?
BL: Não, acho que quem não muda de ideia não é legal. A vida é um eterno movimento. Mas você tem que ter objetivos, ter as regras do seu caráter. Outra questão é você estar sempre disponível. Eu estava indo morar no México, mas completamente ligada com a energia do universo. Eu poderia ter ido viajar ao invés de fazer o teste. Decidi fazer, e foi lindo.
Contigo! Online: Tem uma coisa que você teria dito que não vai fazer, que é posar nua...
BL: Eu não recebi convite nenhum!
Contigo! Online: Então a resposta negativa também não existiu?
BL: Eu acho lindo o nu artístico. Mas não sei. Acho que não. Acho que não posaria.
Contigo! Online: Mas você já teve cenas em que aparecia quase nua. Qual a diferença do nu na televisão e em uma revista?
BL: Pra mim tem muita diferença. Você está no personagem... Mas não tenho preconceito nenhum: nunca diga nunca. Não sei o que vai ser da minha vida.
Contigo! Online: Mas você faria se estivesse precisando de dinheiro?
BL: Não. Nada por dinheiro. A arte vem em primeiro lugar. O que eu quero, meu caráter e as coisas que eu admiro vêm em primeiro lugar. Por dinheiro, nunca, mesmo!
Contigo! Online: Mas você acha que o nu deve fazer parte das produções?
BL: Na novela não tem nu. Mas nos filme é tão normal, é tão lindo, e faz parte daquilo, não é vulgar. É artístico, é feito com cuidado. Cuidado é a grande palavra. Tudo deve ser feito com cuidado. De repente, se posar nua fosse feito com cuidado, ou fosse feito de outro jeito... Não sei, não faço a mínima ideia. Eu realmente não quero pensar nisso. Agora, não.
Contigo! Online: Falam muito da sua maturidade. Tem medo de pular etapas na sua vida?
BL: Eu não pulo. Não tenho medo, nunca. Sou muito intensa. Muito entregue. Se estou conversando com você, eu sou sua neste momento. Passei por todas as coisas que adolescente passa. Tive uma infância maravilhosa, e tudo o que vivi foi muito intenso.Nada passa desapercebido por mim. Todas as energias, todos os sentimentos, as pessoas que me dão um sorriso, eu vou pegar para mim e guardar.
Contigo! Online: É impossível não comparar um pouquinho da sua vida pessoal com a da sua personagem, como também namorar um homem mais velho [o ator Michel Melamed, de 37 anos], por exemplo.
BL: Nelson Rodrigues tem uma frase que diz assim: que diferença faz ter 15, 18 ou 20 anos, se você pode ser um gênio, um burro ou um carpinteiro? E aí complemento eu: a idade não existe. Não existe mesmo. Eu conheço pessoas incríveis, de 40, 50 anos, que têm a alma de 20 e a maturidade de 40. E vice-e-versa. Ter alma jovem é você estar eternamente vendo as coisas pela primeira vez.
Contigo! Online: O que você ainda tem de menina?
BL: Eu tenho uma visão infantil muito forte. Acho que todas as pessoas podem ser honestas, educadas, tudo pode ser lindo, que tudo pode funcionar bem. Eu acredito que isso um dia vai acontecer. Pergunto: "Por que essa pessoa não me deu bom dia? Por que o taxista esta buzinando se não tem como andar?". Acredito que todas as pessoas são como minha mãe e meu pai. Eu tenho essa visão, e sofro muito quando vejo coisas que não são assim. Sofri muito com o que eu vi em Realengo, chorei muito quando vi. Cadê o amor, a poesia e todos os sonhos?
Contigo! Online: Mas existe a loucura...
BL: Aí vem outra vez a Leila. As pessoas usam drogas, vão à festas em busca do prazer. A gente precisa do equilíbrio. Porque o prazer é tão grande que você não suporta. A filosofia diz que o maior prazer do homem é morrer. E se você for pensar, tudo o que nos dá mais prazer é o que nos aproxima da morte. Você pular de um bugee-jumping é dizer "vou morrer, mas não vou morrer". E até mesmo o nome do orgasmo, em francês, lapetitmort, que significa "a pequena morte".
Contigo! Online: Você já pensa em projetos além da novela?BL: Quero muito fazer teatro, quero muito fazer cinema. Eu tenho alguns convites para isso. Mas tenho que esperar o fim da novela. Mas são dois focos principais: teatro e cinema, que eu nunca fiz e quero muito fazer.
Contigo! Online: E faculdade?BL: É tão difícil... Durante uma novela os horários são tão malucos... Eu estava olhando os cursos, porque não sei da minha vida ano que vem, então "bora" estudar. A primeira opção seria história. Também poderia ser artes cênicas, comunicação, música, ou alguma coisa ligada ao meu trabalho eternamente. Cheguei a fazer vestibular para psicologia em São Paulo, mas aí eu vim pra cá. O mais engraçado é que não fiz psicologia, mas fui parar em uma série freudiana que fala sobre o comportamento humano.
Contigo! Online: Você entrou na televisão de um jeito diferente da maior parte dos adolescentes. Já pensou sobre isso?
Bruna Linzmeyer: Eu acredito muito que algumas coisas nos pertencem e mesmo que a gente fuja delas. E acho que foi assim. Estava indo morar em outro país quando recebi o convite para fazer o teste de Afinal, o que querem as mulheres. Passei uma semana depois, e antes mesmo de começar a gravar a sério, recebi outro convite para fazer a novela, e no meio do caminho fiquei sabendo que passei no teste também. Eu fui sendo testada, sendo aprovada, e eu fui aceitando essa coisa linda que veio para mim. Eu estudava teatro, mas não necessariamente pensava em trabalhar como atriz. Aconteceu de uma forma muito tranquila, muito natural.
Contigo! Online: A televisão é uma máquina de fazer sonhos, mas também é de fazer egos e decepções. Você está preparada para isso?
BL: A filosofia diz que o mundo é um eterno movimento e a única coisa que não muda é a mudança. Se você estiver na melhor fase da sua vida, sabe que uma hora ela vai acabar. Quando estiver na pior fase, também vai acabar. Freud diz uma coisa maravilhosa, que é mais ou menos assim: a gente é capaz de vencer uma guerra com armas, mas somos indefesos a um elogio. Um elogio pode nos paralisar realmente. É diferente você ouvir: "Você é linda", ou "você é uma cachorra".
Você já morou em três cidades. A pequena Corupá, a enorme São Paulo e agora o Rio de Janeiro. O que cada lugar te ensinou?
BL: Corupá é minha paixão, meu bibelô. As lembranças de lá são as mais tenras, as mais íntimas. Corupá me ensinou o amor. De pai e mãe, de família, de tudo isso. Se eu continuar falando vou até chorar... São Paulo é uma cidade mais tensa e densa que o Rio. Eu acho que São Paulo me ensinou um bom ritmo, de nunca parar. Ritmo e força. Já o Rio me trouxe a calma. Saber que você tem que ter um movimento, mas que tudo isso pode ser feito com o amor que aprendi em Corupá.
Contigo! Online: Corupá é um lugar para onde você corre quando quer colo?BL: Toda minha família mora lá. Voltar é dizer que, indiferente de quem eu seja, se eu estiver no topo ou em baixa, que o que deixa minha vida de pé são essas pessoas que moram neste lugar, que vão sempre me acolher e sempre me amar. Eu sei que ali eu tenho amor.
Contigo! Online: Vamos falar um pouco da sua personagem. Ela é uma pessoa mais do que intensa, ela tem ideias fixas... Como você chama o que move a Leila?
BL: Eu acho que intensidade é uma boa palavra. Foi ao ar uma cena em que ela ficou com o Beto, amigo do André. Fiquei pensando sobre essas questões. "Eu só quero sexo", é isso que ela quer dizer. Fiquei dias pensando em tudo isso: e se a Leila fosse homem? Alguém ia falar alguma coisa? Eu acho que essa é a grande questão: na verdade, esse moralismo existe, mas não tem que existir. No decorrer da história ela vai mostrar que ela quer ter prazer. Ela é o feminino do André.
São questões que têm que ser colocadas na mesa, como foi a história da virgindade. Como perder, quando, com quem. Não existe certo e errado.
Contigo! Online: Mas algumas cenas continuariam sendo um tabu. Você não vê um menino adolescente descrevendo em uma novela como foi o orgasmo dele...
BL: Acho que foi uma cena muito bonita, gostei do texto bem escrito. Ela falava que queria explodir no céu, e além de explodir no céu, como se fossem fogos, ela explodiu o próprio céu. Então isso é muito poético. Não é comum em novela essa poesia jogada na cara, sorrindo para as pessoas. A maneira como a Leila traz o orgasmo é muito importante. Porque o orgasmo é um prazer, como é um prazer comer.
Contigo! Online: Você fala de sexo de uma forma muito fácil, sem constrangimentos...
BL: Eu sempre falei muito sobre isso, sempre conversei com meus pais. Veio deles e veio de mim falar. Sempre fui uma pessoa muito franca com quem eu tenho intimidade. E acho que esse personagem me traz uma certa intimidade com as pessoas. Querendo ou não, eu tenho que pedir licença, porque eu estou na televisão das pessoas todos os dias.
Contigo! Online: Você está diante de uma personagem que tem vários desafios. Não é muita coisa para uma jovem atriz?
BL: Vou te contar que é difícil, porque me preocupo com o que vou dizer. Porque as pessoas vão acreditar, ou ao menos vão pensar nisso. Penso: "Por que a Leila está fazendo isso? Eu concordo com ela? O que o resto da sociedade pensa? O que minha mãe pensa?". É difícil você estar dentro do núcleo polêmico da novela. Com o Lázaro também acontece tudo isso.
Contigo! Online: Vocês conversam bastante sobre as cenas?
Muito. A gente discute para que caminho vai levar, para que as pessoas possam olhar por outros ângulos, não necessariamente aceitar. Mas ver. Parar para pensar.
Contigo! Online: Você disse que ela é a versão feminina do André. Isso quer dizer que eles podem ser almas gêmeas?
BL: Não sei, eu acho que são dois ângulos diferentes. Alma gêmea já é uma questão espiritual, e a deles é uma questão física. Mas pode ser. Se o Gilberto for falar de espiritualidade...
Contigo! Online: Alguns dos comentários sobre a mudança no seu visual, feita pelo hairstylist Neandro, é que ele teria ficado "civilizado". O que você tem ouvido à respeito?
BL: Tudo! Eu ouço barbaridades e ouço poesias. Têm pessoas que acham horrível, que não gostam, e dizem: "Você ficou feia, você ficou esquisita, horrorosa". E os que dizem que fiquei mais madura. As pessoas mais contemporâneas acham que ficou mais "cool". Eu pesquisei muito sobre Londres e o Neandro também é de lá, então conversava muito com ele. O que é estranho e esquisito em Londres é as pessoas terem cabelo comprido. Ninguém tem. São culturas diferentes, mas já vi muitas pessoas dizendo que querem cortar o cabelo igual, perguntando com quem cortei. É moderno e muito contemporâneo o cabelo curto.
Contigo! Online: Você se considera moderna, como a Leila, ou é um desafio do personagem?
BL: Eu acho que essa coisa contemporânea da Leila de estar em eterno movimento, eu tenho um pouco. Saí de casa recém-completados 16 anos, fui morar em São Paulo que nem uma louca. Mas estou aqui, morando sozinha, estou batalhando, fazendo milhões de coisas, milhões de cursos. Essa determinação que a Leila tem eu também tenho. Se eu decido que quero alguma coisa, não há quem tire da minha cabeça que vou conseguir.
Contigo! Online: Mas você também tem ideias fixas?
BL: Não, acho que quem não muda de ideia não é legal. A vida é um eterno movimento. Mas você tem que ter objetivos, ter as regras do seu caráter. Outra questão é você estar sempre disponível. Eu estava indo morar no México, mas completamente ligada com a energia do universo. Eu poderia ter ido viajar ao invés de fazer o teste. Decidi fazer, e foi lindo.
Contigo! Online: Tem uma coisa que você teria dito que não vai fazer, que é posar nua...
BL: Eu não recebi convite nenhum!
Contigo! Online: Então a resposta negativa também não existiu?
BL: Eu acho lindo o nu artístico. Mas não sei. Acho que não. Acho que não posaria.
Contigo! Online: Mas você já teve cenas em que aparecia quase nua. Qual a diferença do nu na televisão e em uma revista?
BL: Pra mim tem muita diferença. Você está no personagem... Mas não tenho preconceito nenhum: nunca diga nunca. Não sei o que vai ser da minha vida.
Contigo! Online: Mas você faria se estivesse precisando de dinheiro?
BL: Não. Nada por dinheiro. A arte vem em primeiro lugar. O que eu quero, meu caráter e as coisas que eu admiro vêm em primeiro lugar. Por dinheiro, nunca, mesmo!
Contigo! Online: Mas você acha que o nu deve fazer parte das produções?
BL: Na novela não tem nu. Mas nos filme é tão normal, é tão lindo, e faz parte daquilo, não é vulgar. É artístico, é feito com cuidado. Cuidado é a grande palavra. Tudo deve ser feito com cuidado. De repente, se posar nua fosse feito com cuidado, ou fosse feito de outro jeito... Não sei, não faço a mínima ideia. Eu realmente não quero pensar nisso. Agora, não.
Contigo! Online: Falam muito da sua maturidade. Tem medo de pular etapas na sua vida?
BL: Eu não pulo. Não tenho medo, nunca. Sou muito intensa. Muito entregue. Se estou conversando com você, eu sou sua neste momento. Passei por todas as coisas que adolescente passa. Tive uma infância maravilhosa, e tudo o que vivi foi muito intenso.Nada passa desapercebido por mim. Todas as energias, todos os sentimentos, as pessoas que me dão um sorriso, eu vou pegar para mim e guardar.
Contigo! Online: É impossível não comparar um pouquinho da sua vida pessoal com a da sua personagem, como também namorar um homem mais velho [o ator Michel Melamed, de 37 anos], por exemplo.
BL: Nelson Rodrigues tem uma frase que diz assim: que diferença faz ter 15, 18 ou 20 anos, se você pode ser um gênio, um burro ou um carpinteiro? E aí complemento eu: a idade não existe. Não existe mesmo. Eu conheço pessoas incríveis, de 40, 50 anos, que têm a alma de 20 e a maturidade de 40. E vice-e-versa. Ter alma jovem é você estar eternamente vendo as coisas pela primeira vez.
Contigo! Online: O que você ainda tem de menina?
BL: Eu tenho uma visão infantil muito forte. Acho que todas as pessoas podem ser honestas, educadas, tudo pode ser lindo, que tudo pode funcionar bem. Eu acredito que isso um dia vai acontecer. Pergunto: "Por que essa pessoa não me deu bom dia? Por que o taxista esta buzinando se não tem como andar?". Acredito que todas as pessoas são como minha mãe e meu pai. Eu tenho essa visão, e sofro muito quando vejo coisas que não são assim. Sofri muito com o que eu vi em Realengo, chorei muito quando vi. Cadê o amor, a poesia e todos os sonhos?
Contigo! Online: Mas existe a loucura...
BL: Aí vem outra vez a Leila. As pessoas usam drogas, vão à festas em busca do prazer. A gente precisa do equilíbrio. Porque o prazer é tão grande que você não suporta. A filosofia diz que o maior prazer do homem é morrer. E se você for pensar, tudo o que nos dá mais prazer é o que nos aproxima da morte. Você pular de um bugee-jumping é dizer "vou morrer, mas não vou morrer". E até mesmo o nome do orgasmo, em francês, lapetitmort, que significa "a pequena morte".
Contigo! Online: Você já pensa em projetos além da novela?BL: Quero muito fazer teatro, quero muito fazer cinema. Eu tenho alguns convites para isso. Mas tenho que esperar o fim da novela. Mas são dois focos principais: teatro e cinema, que eu nunca fiz e quero muito fazer.
Contigo! Online: E faculdade?BL: É tão difícil... Durante uma novela os horários são tão malucos... Eu estava olhando os cursos, porque não sei da minha vida ano que vem, então "bora" estudar. A primeira opção seria história. Também poderia ser artes cênicas, comunicação, música, ou alguma coisa ligada ao meu trabalho eternamente. Cheguei a fazer vestibular para psicologia em São Paulo, mas aí eu vim pra cá. O mais engraçado é que não fiz psicologia, mas fui parar em uma série freudiana que fala sobre o comportamento humano.
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